Thaís Campolina Martins nasceu em Divinópolis – MG em 1989, mas vive na capital mineira desde 2014. Bacharel em Direito, pós-graduanda em Escrita e Criação, medeia, organiza e faz curadoria do Leia Mulheres Divinópolis e é a criadora e faz-tudo do clube de leitura online Cidade Solitária. Após ganhar o 2° lugar no concurso Poesia InCrível de 2021, estreou na poesia com o livro “eu investigo qualquer coisa sem registro” pela Crivo Editorial. Também publicou o conto “Maria Eduarda não precisa de uma tábua ouija” em formato e-book na Amazon e segue escrevendo suas bobagens e incômodos em seu site thaisescreve.com, newsletter e redes sociais.
inércia
avesso ao rebuliço
o fôlego pede pausa
mas a velocidade do compasso
impõe
o tempo dos pés
a fricção das coxas
um corpo submetido
a um conjunto de forças
que levam as pernas à amarração
patuscada
vrum vrum vrum
não são pneus cantando
são pés corrompidos
por um papibaquígrafo
de arranjos ansiosos
que vem de uma fome
de ritmo e de janta
um mexido que vem
da vontade de comer
esquema de pirâmide
vou ter que dizer
o tempo é outra parada
um verdadeiro massacre
às três horas da manhã
o auge da neurose
a metade da besta
a matemática pura
a assimilação do fim
de um pedaço de bolo
guardado tempo demais
na geladeira
serra do curral
estruturas firmes
ruínas habitadas
dinâmicas ao tempo
se deterioram
e são deterioradas
os cupins são grandes arquitetos
cruzada
uma pintura descascada anuncia kaiser por centavos
dentro do bar entretanto se vende subzero por sete reais
os trinta anos que separam
a parede da ação
não diminuíram o desespero do público
nem a desvalorização da moeda
Foto de Luísa Machado.